Ambulatório dos Viajantes

A Medicina do Viajante surgiu como campo de atuação a partir da década de 1980, principalmente nos países desenvolvidos, quando clínicos passaram a receber um número crescente de doentes que retornavam de países tropicais. Com o aumento das viagens internacionais observado nos últimos anos elevou-se a exposição desses viajantes a riscos, mostrando a necessidade de orientá-los quanto a medidas preventivas necessárias por ocasião desses deslocamentos.

Segundo dados da Organização Mundial do Turismo, em 2010 ocorreram cerca de 935 milhões de desembarques de viagens internacionais, boa parte delas em países tropicais. Hoje é possível praticamente dar a volta ao mundo em poucos dias; em menos de 24 horas um viajante pode partir da Ásia, fazer uma rápida passagem pela África ou Europa e desembarcar no Brasil. Isto traz sérias implicações à Saúde Pública, considerando que tal pessoa possa ser justamente o carreador de uma doença inexistente no seu país de origem.

A Medicina do Viajante ultrapassa os limites do indivíduo, ou seja, seu próprio risco de adoecer, abrangendo igualmente o coletivo e tornando-se de interesse da Saúde Pública. Um exemplo recente pode ser visto nos primeiros casos de febre Chikungunya diagnosticados no Brasil. Em 2010, foram identificados três viajantes que desenvolveram sintomas compatíveis com esse agravo, confirmados laboratorialmente. Todos foram importados, ou seja, adquiriram a doença durante viagens às áreas endêmicas. A doença caracteriza-se por síndrome febril aguda inespecífica semelhante à dengue e é transmitida por mosquito. Diferencia-se por raramente evoluir com gravidade que traga risco de morte e, principalmente, por acometer articulações, podendo até simular um quadro de artrite reumatóide. As áreas endêmicas compreendem a maior parte dos países da África e sudeste asiático (entre os casos detectados no Brasil, dois eram provenientes da Indonésia e um da Índia). O interesse coletivo surge do fato do vetor do vírus Chickungunya ser o Aedes aegypti, o mesmo da dengue, e que apresenta grande distribuição e elevada infestação em praticamente todo o território brasileiro. Portanto, mais uma grande ameaça de disseminação de uma doença emergente em nosso País. Assim, a Medicina do Viajante tem um duplo papel: proteger o indivíduo dos riscos inerentes ao seu deslocamento e, em estreita colaboração com a vigilância epidemiológica, proteger toda a coletividade.

Desde 2005, profissionais da Divisão de Infectologia do Departamento de Clínica Médica, liderados pelo professor José Fernando de Castro Figueiredo, em conjunto com médicos do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia, já identificavam a importância da criação de um ambulatório similar em Ribeirão Preto. Naquele ano, este tipo de serviço era oferecido apenas na cidade de São Paulo, muito embora casos esporádicos já fossem atendidos em Ribeirão Preto. Os esforços pela implantação de Ambulatório semelhante no nosso Hospital foram coroados em fevereiro de 2011, com a sua inauguração oficial. Este é fruto de trabalho conjunto dos Departamentos de Clínica Médica (Divisão de Moléstias Infecciosas) e de Medicina Social (Núcleo Hospitalar de Epidemiologia). Muito merecidamente, o Ambulatório recebeu o nome do Professor José Fernando.

Agendamento de consulta:

O atendimento é realizado às terças-feiras, no período da tarde. Para agendamento o interessado deve ligar no telefone: (16) 3602-2000, informando a data da viagem e os locais que serão visitados. Lembrar sempre de trazer a carteira de vacinação para a consulta.